THE TYGER
Tyger! Tyger! burning bright
In the forest of the night,
What immmortal hand or eye
Could frame thy fearful symmetry?
(William Blake - Songs of Experience)
In the forest of the night,
What immmortal hand or eye
Could frame thy fearful symmetry?
(William Blake - Songs of Experience)
Há
um assanhamento refletido quando nosso povo apregoa o clichê “Brasil não é para
principiantes”. A verdade é que gosto dessa petulância brasilianista que mesmo
sem conhecer outros lugares do mundo, afirma com majestosa intuição, sermos
mais complexos que as outras paragens do orbe terrestre. Gosto desse clichê a
ponto de ampliá-lo como quem faz um puxadinho numa casa de praia: Se o Brasil
não é para principiantes, Alagoas não é para principiantes em Brasil.
Alagoas
é a minha Esfinge; há muito fui devorado por ela. Não é um enigma simples
entender como por aqui todos os inimigos políticos possuem um amigo em comum; e
como todos os aliados políticos possuem desavenças ancestrais. Apenas aos
alagoanos é dada a graça de entender coisas como Fernando Collor e Renan
Calheiros, este, eleito hoje Presidente do Senado. Eternamente serei um
estrangeiro.
A
beleza primordial também é assustadora. Alagoas possui no seu povo e na sua
terra um encanto ao mesmo tempo edênico e bárbaro. Alagoas sempre me lembra The Tyger - poema de
William Blake. Blake descreve o tigre compassadamente brilhante e feroz. Simétrico
e selvagem. Ardente e mortal.
Alagoas
do povo que assombrado, assiste diariamente a corrupção de sua elite política.
Elite que é democraticamente eleita por este mesmo povo. Comandando um Estado
campeão em incontáveis modos de atraso, sempre os mesmos nomes, algumas vezes acompanhados
por Júnior, Filho ou Neto.
A
terra que gerou algumas das figuras mais interessantes de nossa república é a
mesma terra que o debate político é regulado pelo poder do crime. O povo mais
hospitaleiro é também o povo que mais mata no Brasil. Alagoas, terra na qual as
fotografias de paraísos ensolarados são manchadas pelo derramamento cotidiano
de sangue humano. Quantos paradoxos Alagoas ainda pode inventar?
Hoje mais uma vez, a terra tomada de Pernambuco pelo Rei
em 1817, alcançará o centro das atenções no debate político nacional. Alagoas de
Gracilianos e Ivos, hoje pródiga em exportar justamente aquilo que tem de pior.
Muito bom professor. Parabéns.
ResponderExcluir"Eternamente serei um estrangeiro". Somos dois!
ResponderExcluirAlagoas é um verdadeiro outsider e dificilmente conseguiremos uma explicação para isso.